domingo, 3 de outubro de 2010

Goma 14


Como é que se põe os pés no chão? Como se alcança uma só cor do arco-íris se a aposta em tantos outros desejos abre um prisma multicolor de escolhas que, por si, não se desejam apagar? Eu quero tanto ou quero nada? Meu soluço de agonia é pela invasão de ambigüidades internas brutais, que me conduzem a pensar n’algumas das minhas personalidades... Antes que (me ou se) perguntem, não, não tendo àqueles distúrbios de múltipla personalidade. Mas (re)pensando a psique descrita por Jung – de cujas idéias não sou, nem de longe, adepta – personas são instituídas como máscaras que facilitam convívios, instituem funções, subjetivam pessoas. Mas e o que há por trás delas? Sim, claro... os desejos – recalcados, reprimidos, sublimados, pulsantes... sombrios. São as sombras dos algos que desejam emergir. Aqui, em mim, há tantos feixes que apontam para ordens... mas há muitos mais que se prezam às desordens. E estas não são corruptivas (ou corruptíveis), mas libertárias, plenas e, por que não dizê-las, mortais, no sentido mesmo de um (suposto) fim. Estou tão cansada! Cansada de ser minha própria vítima, de sufocar minhas tantas sombras, de calar minhas personas, de servir a simetrias. Me olho no espelho e leio os lábios dela - a mulher do reflexo, uma cópia persona... Posso ouvi-la e acho que tenho razão... o que preciso é de força para personificar minha fraqueza e o que desejo é coragem... prá autorizar minha covardia.


(Em 26 de março de 2010)


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