sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Da parte não-humana da subjetividade


Félix Guattari em "Caosmose: um novo paradigma estético" 

As condições de produção evocadas no esboço de redefinição do conceito de subjetividade implicam, conjuntamente, instâncias humanas inter-subjetivas, manifestadas pela linguagem, e instâncias sugestivas ou identificatórias concernentes à etologia, interações institucionais de diferentes naturezas, dispositivos maquínicos, tais como aqueles que recorrem ao trabalho com computador, Universos de referências incorporais, tais como aqueles relativos à música e às artes plásticas... Essa parte não humana pré-pessoal da subjetividade é essencial, já que é a partir dela que pode se desenvolver sua heterogênese. Deleuze e Foucault foram condenados pelo fato de enfatizarem uma parte não-humana da subjetividade, como se assumissem posições anti-humanistas! A questão não é essa, mas a da apreensão da existência de máquinas de subjetivação que não trabalham apenas no seio de ‘faculdades da alma’, de relações interpessoais ou nos complexos intra-familiares. A subjetividade não é fabricada apenas através das fases psicogenéticas da psicanálise ou dos ‘matemas do inconsciente’, mas também nas grandes máquinas sociais, mass-mediáticas, linguísticas, que que não podem ser qualificadas de humanas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Customizando territórios


Quando se vive com muita intensidade tudo o que se passa, parece impraticável tornar menor qualquer coisa que já seja grande - ainda que signifique tão menos. Não sei o que acontece com as formas de pensar atuais. Na verdade, não as julgo como forma de pensar. Talvez sejam só maneiras peculiares de reproduzir. Por quase todos os cantos aos quais me atenho, só ouço ecos, meramente semelhantes, em tom e vibração. E quando se nota paisagem, as cores e formas também se mostram reconhecíveis. E só. Mas há de se experimentar, ainda assim. Produzindo desejo se pode recolorir os tracejos, reverberar outras sonoridades, remodelar formas. Ser maquinaria de movimentos em espaços habitados, mesmo inabitáveis - essa parece uma bela maneira de desejar - customizando territórios.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Retomadas


Decidi retomar a escrita no blog. Isso não tem ligação direta com o fluxo dos acontecimentos virtuais coletivos cada vez mais intenso, mas com linhas renovadas de escolhas em minha vida. É uma decisão não tão simples essa das retomadas. Mas a decisão está (re)tomada, mesmo que implique emergências, julgamentos, intranquilidades. A minha preocupação é com os bons encontros. Fazer esse retorno também implicou repensar a escrita. Não exatamente a sua expressão, mas a sua forma. Emprestando de Deleuze e Guattari, não um agenciar coletivo de enunciação, mas um maquínico dos corpos. A possibilidade dos meios parece me interessar bem mais nesse meu agora.

As Gomas, que foram minhas, aquelas tão autobiográficas, vou suspendê-las. Tenho outros desejos pra minhas narratividades. Sinto contentamento pelo desapego, de toda espécie. Os movimentos da alma me são mais atraentes...

Deixar explicativa essa retomada garante algum conforto. Por isso aí está a descrição da retomada. Essa já é um novo modo de parir meus novos modos. Estarão aqui, penso, diariamente, os tudos dos meus territórios, dos meus encontros, dos meus entrelaces e descaminhos. Dos meus tudos eu tentarei criar outros tudos que povoem outros... outros... outros... em retomadas renovadas, reconstruidas, recolocadas.