sábado, 26 de setembro de 2009

E o que são os meus escritos?

…tive de perguntar ao espelho… porque a minha filosofia, quase vã, não é capaz de esclarecer… já andei imaginando que talvez as minhas dúvidas sejam muitíssimo óbvias. Mas logo em seguida pensei que a obviedade também pode ser duvidosa…

Os meus escritos não sei o que são. As minhas palavras muitas vezes não sabem o que querem expressar, ainda que expressem. Nem mesmo sabem de onde vêm. Ah… mas sinto que sei… sei que elas vêm de onde ninguém pode ver… nem eu. Nem eu. E nem ninguém. Sei que por mais que esses meus escritos e essas minhas palavras não saibam de onde vêm e nem entendam o que querem dizer, dizem o que habita meu íntimo… Sim… mais uma vez devo falar de amor… porque é tudo o que sinto… Hoje. É tudo o que senti ontem… e é, p’rá mim - não há dúvida óbvia e nem qualquer obviedade duvidosa - tudo o que quero sentir até que eu não saiba e nem sinta mais de onde eu mesma venho… nem p’rá onde vou… Eu desejo sentir amor até que nem eu possa sentir os meus limites de corpo e nem possa julgar acerca do meu destino. Talvez então eu possa ver… ver e saber, enfim, o que foram esses meus escritos…


Assim, plástica.

Assim mesmo… um tanto plástica…

Talvez eu não tenha desejado viver, algum dia, assim, plasticamente… Ou simplesmente eu não aceitasse o fato de que se fazem necessárias muitas plasticidades…

…tudo porque por trás dessa função plástica há uma tal maleabilidade que nos permite uma modelagem, uma proteção… como se numa cápsula guardássemos o que há de precioso em nosso íntimo…

Ao contrário do que algum dia pensei, eu desejei viver plasticamente. E plástica viverei a ser p’rá conseguir moldar-me… e proteger-me… ainda que, por minha superfície tênue eu não possa, felizmente, isolar-me…

...

Nossas juras nada tortas estão aí… atrás e à frente da porta…

Atrás dela nos vemos em fuga… e à frente nos declaramos à sede de viver… bem baixinho, em sussurrante estado de amar, de cruzar, de sentir, de nos colher e recolher aos nossos próprios apelos e apegos, aos pêlos e falta de sossego…

Os meus cabelos são cheirosos. E sua barba tão macia! Os meus olhos têm cor. Cor verde. E sua boca tão cheia de paixão! Meu dedos têm o piano. E sua saudade me devora o coração! Eu sei… sei atrás e à frente da porta…
Sei atrás o que me esconde e à frente o que me revela. Atrás estou camaleoa. À frente vivo vagalumeando… à sua espera. Ao seu aguardo. P’rá me guardar. P’rá que você me guarde. Me guarde e me revele…

P’rá que você me revele em uma photographia quase 3 x 4. P’rá guardar sempre… sempre atrás da porta…