quinta-feira, 1 de março de 2012

Das diferenças


(Francis Bacon, em um de seus auto-retratos)

No meio desses tantos tudos, desses tantos todos, é preciso não parar de teatralizar esses devires loucos nesses nossos corpos meio moucos. Sim, ensurdecidos pela campanha narcísica e hipnotizante que nos lança a chamada de sermos iguais. E do que é mesmo que trata essa igualdade senão de uma proposta (in)conveniente de afirmar nossas diferenças? Seria formidável se realmente nos interessássemos por elas, por essas multiplicidades. No entanto, apostamos, como um vício pernicioso, em reverter a qualidade da diferença à redução de uma identidade de genéricos. Não é nada tão simples e nem visível. É de uma ordem da comodidade em não exercitar (re)criações, não potencializar paixões, nem (re)pensar as repetições desse nosso mundo caótico e errante. Desconstruir o senso comum é permitir que venham transformações, loucas, infantis, artísticas, em descobertas de contradições, em entrecruzamentos tão filosóficos e poéticos quanto demasiadamente humanos. 

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