terça-feira, 2 de abril de 2013

Fazendo morrer a consciência



Sob inspiração de Espinosa e em uma releitura de Claudio Ulpiano, teço essas palavras... 

Os meus encontros com a consciência nunca foram felizes. Essa é uma referência à consciência que nos torna servos do plano econômico, mas nunca potentes no campo político. Uma consciência em relação a qual estamos condenados e à cuja condenação nos comprazemos, uma instância que nos conduz à culpa e ao ressentimento, que nos faz idolatrar o poder e que, nessa (re)ação, nos torna separados do que podemos enquanto potência. 

Nada disso que me proponho a escrever é diferente do que tenho me proposto viver. É que a filosofia, o entendimento da possibilidade de ultrapassar um gênero primeiro do conhecimento tão filiado à consciência, alimenta o meu investimento de desejo de pensamento - e logo, de liberdade. Não, não sou livre. Eu deveria nascer de novo e ser mais uma vez constituída para chegar a tanto. Mas consigo me saber possível, me sentir potente. E isso é tanto e tão intenso que posso me desapegar de mim mesma e de minha natureza. Posso até saltar à morte e beijá-la amavelmente...

Em meus dias, por entre as horas em que me saibo e me sinto nessa relação de beleza e alegria, faço viver alguma liberdade e posso deixar morrer essa consciência de pecado e negação, de ódio e veneno, de um adoecimento tão desnecessário. E ainda que essas circunstâncias sejam raras, acabam por tornar-se eternas, haja vista que produzem cores e contornos que atualizam em mim as centelhas de uma a(fe)tividade ética, ativa e livre, que me constitui com o mundo.


- segue a sugestão para um bom encontro: 
("Pensamento e liberdade em Espinoza" - aula de Claudio Ulpiano).

Nenhum comentário:

Postar um comentário